sexta-feira, 29 de maio de 2020

Por que Bolsonaro faz tudo errado #3 - O isolamento físico (social)

     Este é o terceiro texto de uma série sobre a atuação do governo Jair Bolsonaro durante a pandemia COVID-19. Discuto aqui a importância da medida de isolamento físico (também chamado social) para conter o avanço da doença e a constante sabotagem do isolamento pelo presidente da república.
     Nos dois primeiros textos, falei sobre a cloroquina e a imunidade de rebanho, sempre discutindo os efeitos das ações de Jair Bolsonaro no enfrentamento à crise. Primeiro, cabe a reflexão: por que a comunidade científica recomenda tanto o isolamento?
     O primeiro motivo é que o vírus se espalha pelo contato entre nós. Quando conversamos perto um do outro, gotículas de saliva são expelidas naturalmente e entram em contato com boca, nariz e olhos da outra pessoa. Então, se ninguém mais chegasse um perto do outro, o vírus pararia de circular e a epidemia seria abafada. Claro que isso é impossível, então precisamos chegar o mais próximo disso possível.
     O segundo motivo, pouco citado, é que a quarentena evita outros problemas. Ao ficarmos em casa, diminuímos muito o número de acidentes, por exemplo. Assim, a gente deixa o sistema de saúde cuidar do que é prioridade agora, a covid-19.
     O terceiro motivo, devido ao primeiro, é o tal achatamento da curva. Olhando o gráfico abaixo, a linha vertical indica o número de casos. Quanto mais alto o ponto da linha, mais casos. A linha horizontal é o tempo que demora. A curva vermelha representa o que acontece se não tomarmos nenhuma medida, ou seja, se a gente deixa o vírus circular. O pico de casos é muito mais alto, mas o tempo é mais curto. A curva azul mostra um pico de casos mais baixo, porém o tempo que leva até terminar a epidemia é mais longo.
     "Ah, então é melhor não fazer nada, que aí passa rápido o problema". Não, não é simples assim. A linha pontilhada representa a capacidade do sistema de saúde. A ideia do isolamento físico é reduzir ao máximo a circulação do vírus para permitir que o sistema de saúde possa tratar a gente. Se não tiver isolamento, mais gente vai morrer! Por isso, chamam o presidente de genocida: sua atitude em relação à pandemia vai levar a um número maior de mortes, na casa dos milhares de pessoas. Quanto mais tempo demorar, melhor, porque vai dando tempo para os hospitais nos atenderem e, quem sabe?, surgir uma vacina e/ou um tratamento/medicamento.



     "Então, é só isolar o grupo de risco - fazer o isolamento vertical". Também não. Primeiro porque é complicado saber quem é o grupo de risco, ou seja, identificar o grupo de idosos, obesos, hipertensos. Até gordura no fígado te coloca em grupo de risco, amigo. Segundo, porque gente saudável também morre. Terceiro, porque o vírus demora a se manifestar (até 14 dias), então posso estar carregando o vírus sem apresentar sintomas ainda, e já passar para meus pais, que são idosos. É aquilo, tem gente no governo Bolsonaro achando legal que idosos morram, pra poder diminuir os gastos com previdência... Quarto, porque pessoas podem ser assintomáticas, ou seja, não apresentar nenhum sintoma. Parece legal, mas acaba gerando um baita medo: qualquer um pode estar com o vírus e nem saber. O vírus continua circulando, encontrando o grupo de risco e matando pessoas.
     Manter os hospitais com condições de nos atender é crucial, porque se estima que a taxa de hospitalização é de 20% dos casos. Dessas, de 1 a 2% podem morrer e isso é uma taxa muito alta. Muito.
     Se essa reflexão não te convenceu, olha para a experiência internacional. Nova York teve 10.868 novos casos registrados em 25/04. Após a adoção de medidas de distanciamento, esse número de casos diários foi caindo até chegar a 1.301 em 25/05 (um mês depois). Isso indica que muitas mortes poderiam ter sido evitadas. Não é brincadeira, se Nova York fosse um país, seria o segundo do mundo em número de mortes! Estados como Flórida e Ohio se fecharam rápido e tiveram um número baixo de mortes. A Argentina tem 11 mortes por 1 milhão de habitantes e o Uruguai tem 6. Flórida e Ohio são estados republicanos (de direita). Argentina e Uruguai têm governos de esquerda e direita, respectivamente. Não é política, é ciência!
    Nesse sentido, no dia 14 de maio, um jornalista pergunta ao presidente sobre a diferença de mortos entre Brasil e Argentina e ele responde que ele deveria fazer a conta por 1 milhão de habitantes, demonstrando que ele NÃO FAZ IDEIA do quanto morre menos gente na Argentina, também proporcionalmente. Em seguida, Bolsonaro cita a Suécia, dizendo que "a Suécia não fechou". É lamentável que Jair Bolsonaro tenha comparado o Brasil com a Suécia. Primeiro, porque a Suécia tem 423 mortes por 1 milhão de habitantes, ou seja, 38 vezes mais que a Argentina. Qual exemplo você prefere seguir, o que mata mais ou o que mata menos? Ou a matemática também é comunista e anti-Bolsonaro?
     Segundo, porque na Suécia, metade das pessoas mora sozinha, muitos trabalham no setor de serviços (e pode trabalhar de casa) e todos (TODOS) têm água encanada. Nada disso é verdade no Brasil, o que torna tudo muito mais difícil. Se nosso governo imita o sueco, o resultado será pior, porque a maior parte de nossos trabalhadores precisar sair de casa para trabalhar; quando volta, tem de dividir o mesmo teto com outras pessoas (às vezes, 8 ou 10). E há brasileiros que não têm água encanada, que devem ficar confusos quando ouvem "fique em casa e lave as mãos". Para essas pessoas, é um ou outro, o que nos deveria causar vergonha.
     "Ah, mas e a economia? As empresas vão fechar, as pessoas vão perder o emprego e morrer só que de fome". Falarei disso no próximo texto. Mas já adianto que defunto não paga suas contas, nem sustenta sua família. Portanto, fica em casa, se puder.







Números sobre coronavírus - https://www.worldometers.info/coronavirus/

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Por que Bolsonaro faz tudo errado #2 - Os tais "70%"

     Este é o segundo texto de uma série sobre a atuação do governo Jair Bolsonaro durante a pandemia COVID-19. Discuto aqui a recorrente afirmação do presidente de que "o vírus vai atingir 70% da população, infelizmente é uma realidade". Por isso, o isolamento seria apenas adiar o problema. Ele não explica como chegou a essa conclusão, de onde tirou o número. Tento explicar a "lógica" e algumas consequências dela aqui.
     Essa ideia se baseia na imunidade de rebanho. Isso significa que após um certo nível de imunização da população, o vírus não circula mais. Sarampo, por exemplo, não precisa 100% da população se vacinar, "bastam" 95%. Porque, mesmo que ainda tenha gente não vacinada, o vírus não circula, já que encontra pessoas imunizadas no seu caminho. Exemplo: uma pessoa não-vacinada entra em contato comigo e depois eu entro em contato com outra não-vacinada. Se eu estiver vacinado, eu não vou carregar a doença e ela não vai se espalhar. Espero que essa simplificação ajude.
     Então, para Bolsonaro, essa taxa deveria ser de 70%. Quando 70% da população tiver sido infectada, o vírus para de circular. Porém, é muitíssimo cedo pra cravar esse número. Pode ser muito mais do que isso e o fato de ele não explicar de onde tirou esse número torna tudo muito pior. Devo acreditar nesse número por quê?
     Outra ideia que serve de base para essa argumentação é a de imunidade pós-cura. Como não há vacina NEM REMÉDIO ainda, como geraríamos essa imunidade de rebanho? Para o presidente, isso acontecerá porque as pessoas que são infectadas e se curam geram anticorpos contra o vírus. Assim, estariam imunizadas e, conforme fôssemos nos contaminando, construiríamos nossa imunidade de rebanho e estaríamos livres do problema. Só tem um problema: quem disse que isso é assim?! O fato de ainda não haver notícia de quem tenha sido re-infectado pelo vírus não significa que não pode acontecer. Não se sabe ainda se ficamos imunizados depois de ter contato com o vírus. É possível que fiquemos por um tempo (não se sabe quanto).
     O presidente também afirma que pessoas que estão em grupos de risco morrerão, como idosos, hipertensos, obesos, pessoas com problema no pulmão. "Infelizmente, é isso". Porém, há relatos de jovens que morreram com a doença e de idosos que se recuperaram. Os grupos de risco são algo real (a doença é mais perigosa pra essa galera), mas a inevitabilidade do seu destino, não! E aqui a coisa fica perversa.
     O vírus causa falta de ar e aí o paciente é entubado em um leito de UTI com um respirador, além de ser tentado um coquetel de remédios. Essa internação pode ser a diferença entre viver e morrer, então é CRUCIAL que a gente tenha leito disponível caso contraia essa doença maldita. No início da pandemia, o Brasil tinha, arredondando pra cima, 50 mil leitos de UTI (esse número aumentou um pouco com a construção de hospitais de campanha). Isso significa que, se mais de 50 mil pessoas precisarem de leitos de UTI ao mesmo tempo, muitas não vão conseguir e vão MORRER EM CASA COM FALTA DE AR. Isso sem falar que metade desses leitos está na rede privada, então a maioria não tem acesso. Além disso, cidades como Rio e São Paulo concentram a maior parte desses leitos, e muitos municípios sequer têm leito de UTI.
     Voltemos aos números: aceitando os tais 70% do Bolsonaro, teríamos 148 milhões de pessoas infectadas. Se 0,1% precisasse de UTI (estou jogando o número muito pra baixo), seriam 148 mil pessoas. Ou seja, 100 mil pessoas (possivelmente, um familiar ou amigo seu) sem leito de UTI, precisando ficar em casa com falta de ar. 

     Mais uma vez, Jair Bolsonaro fabrica uma realidade, com base em um simplismo absurdo. Ao não considerar a obviedade em relação aos leitos de UTI, o presidente argumenta que a economia deveria estar funcionando normalmente. Ele defende o "isolamento vertical", em que apenas pessoas em grupos de risco seriam afastadas (o próximo texto vai explicar por que precisa ser isolamento horizontal e radical). Segundo essa visão da realidade, se eu ficar em casa, eu não vou trabalhar e, portanto, vou morrer de fome. Quem vai pagar minhas contas? Eu seria obrigado a escolher entre ficar em casa protegido do vírus e morrer de fome; ou ir trabalhar e correr o risco de pegar o vírus. E mesmo que eu pegue, como sou jovem, seria uma "gripezinha", aí eu tomo cloroquina e pronto. Se isso fosse verdade, eu iria trabalhar. Afinal, morrer de fome seria certo; morrer do vírus seria possível. Cria-se uma FALSA escolha entre a vida e economia (ou seja, seu emprego e fonte de renda).

    Nada disso é verdade: (1) se eu pegar o vírus, eu posso morrer. E (2) é obrigação do Estado administrar a crise para assegurar renda às pessoas (como o mundo inteiro está fazendo, de Cuba a Coreia do Sul, passando por EUA e China - farei outro texto sobre a questão econômica). Sendo assim, qual é a conclusão? Jair Bolsonaro, em prol de manter negócios funcionando, nos expõe a risco de morte. Isso é gravíssimo e pode sim ser considerado um crime contra a humanidade. Vou além: quando Bolsonaro tira da equação a possibilidade de o sistema de saúde salvar a nossa vida (querendo que 148 milhões de pessoas se infectem logo), ele trabalha com uma espécie de seleção natural. 148 milhões vão pegar a doença. Se você for forte, tiver "histórico de atleta" vai sobreviver. Os fracos que morram. O Brasil é Onde os Fracos Não Têm Vez.

    Ele mente ao dizer que o isolamento apenas adia o problema. O isolamento salva vidas e permite que o sistema de saúde trate as pessoas e reduza o número de mortes. A lógica de Bolsonaro pressiona o sistema de saúde e o obriga ao colapso: os leitos ficarão rapidamente cheios, aumentando inclusive a chance de contaminarmos os profissionais de saúde. Você acha isso certo? Espero que não... Portanto, fique seguro(a), fique em casa, se puder.


Bolsonaro 70%: https://www.youtube.com/watch?v=OIn1EjxiObc

Bolsonaro 70%: https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2020-04/virus-vai-atingir-70-da-populacao-diz-bolsonaro

Bolsonaro 70%: https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/05/12/bolsonaro-repete-que-70percent-pegarao-coronavirus-cientistas-estimam-18-milhao-de-mortes-se-isso-ocorrer.ghtml

Bolsonaro 70%: https://www.cartacapital.com.br/politica/70-da-populacao-vai-ser-infectada-nao-adianta-querer-correr-disso-diz-bolsonaro/

Imunidade de rebanho: http://coronavirus.butantan.gov.br/ultimas-noticias/o-que-e-imunidade-de-rebanho

Re-infecção: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52462544

Leitos de UTI: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52137553

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Por que Bolsonaro faz tudo errado #1

Este é o primeiro texto de uma série sobre a atuação do governo Jair Bolsonaro durante a pandemia COVID-19. Discuto aqui a recomendação constante da cloroquina por parte do presidente.

O presidente Jair Bolsonaro tem recomendado o uso da cloroquina, inclusive em estágios iniciais da doença. Ao que parece, essa recomendação foi o motivo da saída de Nelson Teich do ministério da saúde, por ter ele se negado a receitar o remédio irrestritamente. Nelson Teich é médico, vale frisar. A busca por um remédio é mais do que compreensível e é verdade que a cloroquina foi utilizada em alguns casos e teria tido sucesso. Porém, os estudos vêm mostrando que ela não tem surtido efeito em muitos outros casos. Além disso, o remédio pode gerar efeitos colaterais, como infarto. Não só isso, depois do anúncio do presidente, as pessoas correram às farmácias e muitas pessoas que precisam desse remédio, para tratamento de lúpus, por exemplo, não o estão encontrando. Olha como isso é sério!

Político não pode receitar remédio! Se seu filho, pai ou mãe ficar doente, você liga pro seu médico ou pro seu deputado? "Ah, mas tem médico receitando cloroquina". Sim, o médico! Há outras tantas drogas sendo testadas, mas principalmente em estágios mais avançados da doença e, muito importante, tendo seus efeitos colaterais MONITORADOS. Isso é muito, mas muito mesmo, diferente do uso indiscriminado do remédio. Teve gente usando até preventivamente, ou seja, sem apresentar sintomas ou diagnóstico, pra se "precaver".

O cargo de presidente é muito importante e dá muita legitimidade para o que o seu ocupante fala. Esse ocupante precisa ter responsabilidade. Nos EUA, Donald Trump sugeriu que as pessoas injetassem desinfetante (na veia!) e o que você acha que aconteceu? Um monte de gente internada por causa disso. Veja a série de absurdos: (1) um presidente receitar um tratamento; (2) sugerir injetar desinfetante - qualquer pessoa um pouco razoável sabe que não vai dar certo; (3) as pessoas fazem isso; (4) o sistema de saúde, já estrangulado, tem que tratar pessoas que INJETARAM DESINFETANTE, gerando ainda mais lotação nos hospitais. Nosso presidente não chegou a esse ponto, mas recomendar um remédio é muito perigoso, até mesmo pra quem é médico. Pode, inclusive, ser ilegal. Diz o artigo 283 do Código Penal que charlatanismo é "inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível". Como o presidente não é médico, ele anunciar a cura do vírus pode até ser enquadrado como crime de charlatanismo.

Anunciando a cloroquina como a cura da COVID-19, Bolsonaro fabrica uma realidade. Vamos aceitar, por um momento, que seu uso fosse mesmo eficaz. O estado de coisas no mundo seria muito diferente e medidas amargas, como o isolamento físico, não seriam necessárias. A vida poderia seguir normalmente. Ou seja, o efeito da insistência do presidente nesse remédio é convencer a sociedade de que não é necessária a tal "histeria". Poderíamos continuar a vida com apenas algumas precauções.

Não à toa, os maiores interessados no fim do isolamento são grandes empresários, que fazem carreatas (sem sair do carro pra manter-se seguros, não é mesmo?), além de operadores do mercado financeiro, que estão realmente perdendo dinheiro com a queda econômica que o vírus (e o isolamento, segundo eles) está causando. Cabe frisar que alguns "amigos" estão se dando bem com essa história de cloroquina: os insumos são importados da Índia, cujo primeiro-ministro é grande admirador de Bolsonaro. O produto está 6 vezes mais caro do que um ano atrás, graças ao aumento da demanda. Para ter ideia, o laboratório do exército foi ordenado a produzir 4 vezes mais o remédio - isso tudo com dinheiro público. Bolsonaro pode ser enquadrado por improbidade administrativa por isso. Ainda mais porque uma empresa que também fabrica o remédio é a Apsen, cujo dono é apoiador do presidente.

Cloroquina não é panaceia e não vai virar o jogo contra o vírus. Bolsonaro está nos enganando! Pensemos juntos: como um político (qualquer um) pode recomendar medicamento? Se você não acredita, saiba que outro líder que recomenda a cloroquina é o Nicolás Maduro, aquele da Venezuela. Lembra daquele slogan legal, "o Brasil não será uma Venezuela"? Esse filme deve ter sido escrito pelo Shyamalan... A única solução, agora, é isolamento (tratarei do tema em outro texto).

EDIT: o uso de robôs da máquina de fake news está a toda, falando das maravilhas desse remédio. O último link mostra diversos posts dizendo "minha filha que é bancária se curou com HCQ (HidroxiCloroQuina)", todos exatamente com o mesmo texto, obviamente fake. Se funcionasse mesmo, precisaria disso? Conhecereis a verdade e ela vos libertará?

Referências:
Ineficácia da cloroquina: https://www.theguardian.com/world/2020/apr/22/hydroxychloroquine-coronavirus-scientific-studies-research
Efeitos colaterais da cloroquina: https://www.practiceupdate.com/content/side-effects-seen-with-use-of-chloroquine-against-covid-19/98905
Trump recomenda injetar desinfetante: https://www.bbc.com/news/world-us-canada-52411706
Compra de insumos da Índia: https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2020-04/bolsonaro-agradece-india-por-insumos-para-produzir-hidroxicloroquina
Subida dos preços: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/05/preco-que-governo-paga-pela-materia-prima-da-cloroquina-explode.shtml
Empresário bolsonarista produz a cloroquina: https://www.cartacapital.com.br/politica/nem-trump-fala-mais-da-cloroquina-por-que-bolsonaro-insiste-nela/
Robôs e cloroquina: https://revistaforum.com.br/redes-sociais/robos-bolsonaristas-lancam-nova-fake-news-sobre-bancaria-que-se-curou-com-cloroquina/