sábado, 12 de novembro de 2011

Porque a gente é assim!

     Não conheço ninguém viciado em algo que seja bom pra saúde. Pensa bem, você conhece alguém viciado em suco de melão? E chá de carqueja? Brocólis? Não! A gente se vicia em cerveja, uísque, vodka, cigarro, maconha, coca-cola, sexo, chocolate, fritura, facebook... Sempre tem um chato pra dizer que faz mal pra isso, pra nao sei o que, mas não quero nem entrar nisso.
     Esses vícios me levam a duas conclusões: um - nada que faça bem é tão gostoso assim. Porque as pessoas só viciam nas coisas que gostam muito. Dois - a gente gosta de se fuder. É mais forte que a gente, já reparou?
     A gente tem uma mania de descontar nessas coisas os nossos sentimentos mais estranhos. Digo "estranho" por falta de uma palavra melhor pra descrever algo que você não sabe o que é e que te traz uma sensação ruim muito particular. Alias, escolhi "particular" também porque não sei bem o que é a sensação. O fato é que não é lá tão comum assim... eu acho...... tomara...
     Tem uns espertões que falam que se cigarro, álcool e outros desses fizessem bem, eram vendidos na farmácia. Faz sentido. Mas nenhum deles está na minha cabeça. Ninguém sabe o que penso, sinto, vejo quando o cigarro me beija os labios, ou a sensação inigualável da cerveja com os amigos. Ninguém sabe da perversidade da minha mente contra mim. Essas coisas me acalmam sim, e daí? Sempre tem um que diz: isso é só uma solução temporária. Como eu tô sentindo dor agora, o conceito do imediatismo me vai bem melhor que um blues. "Fugir eternamente da tristeza" é uma das ideias mais aceitas pra conceituar "felicidade". A mente vazia é, de verdade, a oficina do diabo.
     Além do mais, eu tenho o direito de usar dessas porcarias, porque não? Ninguém paga as minhas contas e eu tenho o direito de estragar meu corpo se eu quiser e o quanto eu quiser. Engraçado como que as pessoas que mais julgam sao as mesmas que enchem a boca pra falar em livre arbítrio. Há pouca coisa que eu odeie tanto quanto gente que repete certos discursos sem usar o filtro. Isso é burrice! Livre arbítrio é um conceito fadado ao fracasso. Bem, mais uma vez estou digredindo e não falando coisa com coisa. Meu ponto é que a felicidade é um conceito abstrato a ser alcançado ou não, seguindo os mais diferentes caminhos. Nossa vida não pode ser o show de Truman... Se a sua felicidade é o cigarro, quem sou eu pra julgar? Isso não afeta ninguém negativamente, a não ser o pulmão (entre outras coisas) do próprio fumante. Em última instância (em todas as instâncias, na verdade) o problema é dele!
     Sempre tem um que vem com o discurso pronto do "Assim, você nao vai chegar na minha idade". Em primeiro lugar, em geral, as pessoas que se colocam como exemplo não são exatamente estimulantes pra aumentar a vontade de envelhecer. Uma vez olhei um desses filhos da puta da cabeça aos pés e disse "ainda bem". Em segundo lugar, o que há de tão especial na sua idade pra você querer que eu chegue lá? Ou: o que há de especial em mim pra você querer que eu faça parte desse grupo?
     Como vou viver minha vida é minha escolha. Você pode viver 40 anos bem vividos ou 115 não tão bem vividos assim. Nenhuma das duas me parece medíocre. Medíocre e mesquinho é quem julga medíocre quem não faz a mesma escolha que ele próprio.
     Outro discurso bom é o "Quando casar, ele/a muda". Pra começar, quem te disse que eu vou me casar? Segundo, que parceiro/a é esse/a que eu vou ter escolhido e cuja maior idiossincrasia é mudar quem eu sou?
     "Mas assim, como você vai criar seus filhos?"... Ai! Número um, SE eu tiver filhos... Dois: acabei de falar
que não vejo problemas nesse estilo de vida. Se não há problema, não há preocupação, oras. É a mesma coisa com relação à adoção de crianças por casais gays. Muita gente fala que não tem nada contra a uniao gay, mas que é contra a adoção porque não considera um ambiente positivo pro desenvolvimento da criança. Logo você tem alguma coisa contra. Você acha negativo e acha que a criança vai adquirir o mesmo comportamento e consideraria um problema se ela, de fato, o fizesse.
     No fim, resta a palavra de John Lennon: "O tempo que você gosta de perder não foi perdido". Não foi tempo perdido.